quarta-feira, 11 de maio de 2005

marcelo batista, leandro ferrari, primórdios da internet e revista blues and jazz

quem viveu em BH na década de 80 não tinha internet e só tinha duas opções de gaitistas conhecidos para pegar aulas ou consertar gaitas: marcelo batista e leandro ferrari.

marcelo batista naquela época só dava aulas de cromática, e ainda é um dos melhores consertadores de gaita que eu conheço. conheci o sujeito por acaso no minas shopping, numa terça-feira, quando ele tava tocando na praça de alimentação. Foi a primeira vez que eu ouvi uma gaita realmente bem tocada ao vivo e que eu fiquei com a nítida impressão que tocar gaita poderia ser algo complexo. Foi quando eu entendi o que é o timbre. Fui conversar com o cara e vi que ele tocava com dois pedais, um equalizer e algum tipo de reverb. Também foi a primeira vez que eu considerei usar algum tipo de pedal (meses depois eu estava comprando um pedal delay da ibanez usado de um cara em Sabará). Nunca peguei aula com o marcelo, mas nas poucas vezes que fui em sua casa, ele fez o tradicional workshop dele mostrando tudo o que ele sabe e o que ele toca.

já o leandro eu realmente não me lembro quando conheci ou como. eu lembro que quando eu conheci, foi muito bacana pq o pouco que a gente sabia a mais de gaita era muito próximo, e às vezes a gente só sentava prá conversar sobre gaita. Acompanhei a evolução do leandro desde quando ele tocava no blues and company, na época do blue bar (que eu nunca fui, infelizmente, foi o único bar temático de blues em BH que durou alguma coisa), passando depois pelo mandinga blues com o ari e o fred jamaica e mais tarde pelo nasty blues, jam pow até chegar no trabalho que ele tem hoje com os compadres, batrak e garage da caza (sic) bluesband

nessa mesma época, que eu conheci o leandro, o madcat tinha vindo ao brasil no nescafé e blues e para a minha felicidade, os shows dele com a shari kane foram transmitidos na TV. Cheguei a gravar a fita e a emprestar pro Leandro, mas ele emprestou a fita prá um amigo de outra cidade que perdeu... enfim, no dia em que eu realmente quiser essa fita, eu encomendo com o Chico Blues. Bem, quando vc é iniciante, ouvir madcat é um choque ainda maior (anos depois eu consegui ver um show dele com o Osmar e o Zé Raimundo na Privilege de Juiz de Fora) e eu encomendei imediatamente o cd "key to the highway" dando telnet na cdconnection.com, que era a boa loja de importados da época (na época a microsoft ainda não tinha browser e eu ainda usava netscape e mosaic)

antes disso, quando eu entrei na UFMG em 94, os alunos tinham direito de manter uma página pessoal na web, o que era uma verdadeira raridade e um privilégio na época, e eu montei o que eu acho que foi o primeiro site de bandas de blues brasileiras na web. Antes disso, eu só conheço o site do Renato Semmler (los mocambos) do Blues Etílicos. Renato Semmler é o primeiro blueseiro que eu conheci pela web. Trabalha até hoje como físico nuclear mas tb é gaitista e tem uma banda que um dia eu ainda vou assistir, se deus quiser. (só fui conhecer o semmler pessoalmente em SP poucos anos atrás, praticamente uns 7 anos acho depois de conhecê-lo pela web. antes disso eu não sabia nem como era a cara dele)

Era uma época em que eu já assinava a Blues and Jazz, que chamava black and blues ou coisa do tipo e era editado como um encarte de 4 páginas em papel normal (não couché como é hoje) usando apenas azul e preto na impressão. E tb já ficava pinicando bandas pelo correio pedindo releases para colocar no site. Foi quando eu ganhei camisas do mandinga blues, willie brown, ostreiros em blues, misterjack, baseado em blues, e os respectivos cds. Também recebia dezenas de fitas k7 de bandas menos conhecidas como a papa charlie de brasília e até uma fita de vídeo do bando do velho jack, do mato grosso do sul. Foi a época em que eu pensava sinceramente que os fãs precisavam batalhar por mais espaço pelo blues que queriam ouvir. Bem, eu continuo acreditando nisso, mas de uma forma bem menos apaixonada e bem menos romântica, acho.

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